segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Como uma onda

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas, como mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu à um segundo
tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre...
Como uma onda no mar...
Como uma onda no mar...
Como uma onda no mar...

(Lulu Santos / Nélson Motta)


Essa música é muito reconfortante em certos momentos difíceis da vida. Imaginar que existe mudança, que qualquer momento difícil será em breve substituído por outro mais calmo... Um mar sempre tem tormentas e seus dias de calma... O mar revolto não permanece revolto para sempre. E as ondas sempre irão lavar o interior do oceano.


domingo, 10 de agosto de 2008

"Para torcer contra o vento"


"Se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade,o atleticano torce contra o vento. Ah, o que é ser atleticano? É uma doença? Doidivana paixão? Uma religião pagã? Bênção dos céus? É a sorte grande? O primeiro e único mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo sobre todas as coisas. Daí, que a bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo.

Cheira ao suor da mulher amada.
Cheira a lágrimas.
Cheira a grito de gol
Cheira a dor.
Cheira a festa e a alegria.
Cheira até mesmo perfume francês.
Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, trêmula ao vento.

A gente muda de tudo na vida. Muda de cidade. Muda de roupa. Muda de partido político. Muda de religião. Muda de costumes. Até de amor a gente muda. A gente só não muda de time, quando ele é uma tatuagem com a iniciais C.A.M., gravada no coração.É um amor cego e têm a cegueira da paixão.

Já vi o atleticano agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados. Já vi atleticano rasgar a carteira de sócio do clube e jurar: Nunca mais torço pelo Galo. Já vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, eu o vi catar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazer com o retrato da amada.

Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente? Que a gente associa às pessoas da família? Que a gente o confunde com a alegria que vem da mulher amada?

Que mistério tem o Atlético que a gente confunde com uma religião?
Que a gente sente vontade de rezar "Ave Atlético, cheio de graça?"
Que a gente o invoca como só invoca um santo de fé? Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa branca e preta, um milagre se opera?Que tudo se transfigura num mar branco e preto?

Ser atleticano é um querer bem. É uma ideologia. Não me perguntem se eu sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano e, nesse amor, pertenço ao maior partido político que existe:
O Partido do Clube Atlético Mineiro, o PCAM, onde cabem homens, mulheres, jovens, crianças. Diante do Atlético todos são iguais: o bancário pode tanto quanto o banqueiro, o operário vale tanto quanto o industrial. Toda manhã, quando acordo, eu rezo: Obrigado, Senhor, por me ter dado a sorte de torcer pelo Atlético.”
______________________________________________________________
Roberto Drummond
Ferros/MG 21/12/1933 - BH/MG 21/06/2002 - Jornalista e escritor brasileiro. Seu maior sucesso foi o romance Hilda Furacão (1991) que foi adaptado para a televisão por Glória Perez, numa minissérie. Pare ele, o fato do livro ter se tornado sua obra-prima resultou numa espécie de prisão. "Sou um eterno refém de 'Hilda Furacão'", dizia o escritor.
Dirigiu a revista "Alterosa" , fechada em 1964. Colaborou no suplemento literário do jornal "Folha de Minas" e em diversas revistas do Brasil e do exterior. Fez também um programa diário sobre futebol na TV Bandeirantes (BH).
Torcedor fanático do Atlético Mineiro, cronista do jornal "Estado de Minas", escreveu a crônica "Para Torcer Contra o Vento".
Morreu de infarto em dia de jogo Brasil e Inglaterra, que levou a Seleção à semifinal do mundial.

sábado, 2 de agosto de 2008

A pérola.

"Era uma vez, no fundo do mar, uma pérola dentro de uma concha.

Ela era fria, ela residia, ela resistia, ela se escondia, se reprimia.

Mas um dia a concha se abriu. E a pérola foi achada. Foi olhada, foi lavada, foi lavrada, foi lapidada por muitas mãos.

Agora ela está disposta. Foi decomposta, foi exposta, cativou e brilhou.

Finalmente ela foi admirada, foi comprada e foi dada.

E hoje ela repousa. Num cordão sobre um coração, cheio de amor.

Sem madrugada, sem estrada, sem escada. De asa quebrada, sem céu para voar. Sem liberdade, essa vida não é nada. E como uma concha fechada, no fundo do mar."

Deconheço a autoria.